Queen James Bible
por George Gonsalves
Há cerca de vinte anos escrevi um texto para um jornal local denunciando a incoerência de uma obra que estava sendo lançada nos Estados Unidos. A obra era: “Novo Testamento e Salmos: uma versão não excludente”. Os autores pretendiam adequar os textos sagrados ao “politicamente correto”. Deste modo, vícios como machismo e autoritarismo, seriam revisados dos livros.
Nesta “versão”, Deus não seria chamado apenas de “Pai”, mas de “Pai e Mãe”. Esposas não seriam admoestadas pelo apóstolo Paulo a serem submissas aos seus maridos, mas apenas “compromissadas”. E os filhos não deveriam obedecer a seus pais, e sim, “prestar atenção” a eles.
Ora, no final do ano passado uma obra semelhante foi lançada também nos Estados Unidos: “Queen James Bible” (Bíblia Rainha James). O nome faz alusão à “King James Bible” (Bíblia Rei James), batizada originalmente em referência ao rei James da Inglaterra, que autorizou a primeira tradução para o inglês mais de 400 anos atrás.
Trata-se, no entanto, de uma “versão” gay da Bíblia. Os autores defendem que o foco é fazer a “correta” interpretação de termos tais como abominação e sodomia. Assim, os versos que condenam a prática homossexual foram “reeditados” para mostrar às pessoas que não existe condenação alguma da parte de Deus à prática homossexual. O site da Queen James Bible trazia o seguinte texto à época do lançamento:
Você não pode escolher a sua sexualidade, mas você pode escolher Jesus. Agora, você também pode escolher sua Bíblia”.
Para aqueles que não creem na inspiração divina da Bíblia, o meu argumento é semelhante. Não conheço ninguém disposto a alterar a obra de Shakespeare, Platão ou qualquer outro pensador, simplesmente por discordar de alguma abordagem feita por eles. Não podemos mudar o pensamento de ninguém. Podemos, sim, segui-lo ou rejeitá-lo.
Não precisamos, portanto, de uma Bíblia gay, como também não necessitamos de uma Bíbliafeminista, negra, indígena ou punk. Há um enorme esforço de estudiosos para que as Escrituras Sagradas sejam traduzidas da maneira mais fiel possível aos manuscritos existentes. Isto é uma questão não apenas de fé, mas de honestidade.
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